Realizado o evento: “Conversas Plurais: diálogos sobre inclusão, empatia e equidade”

A UNICID realizou, dia 27 de setembro de 2019, o encontro de aproximação entre a Pós-graduação e Graduação “Conversas plurais: diálogos sobre inclusão, empatia e equidade”. Organizado pela Profa. Sandra […]

13/10/2019

A UNICID realizou, dia 27 de setembro de 2019, o encontro de aproximação entre a Pós-graduação e Graduação “Conversas plurais: diálogos sobre inclusão, empatia e equidade”.

Organizado pela Profa. Sandra Ferreira, docente da Pós-graduação e do curso de Pedagogia, e pela Profa. Sueli Yngaunis, coordenadora do NAce, o evento contou com a presença dos alunos da UNICID Danilo da Silva Santos (surdo) e Paula Pereira Brasil de Moraes (cega), que ofereceram suas experiências a um grupo de estudantes de Pedagogia. A proposta se ampliou com a contribuição da Profa. Elaine Gomez Vilela, mestranda da Universidade Metodista, que apresentou seu trabalho formativo junto a cegos/surdos.

A sala desse encontro teve uma plateia diferente da que é comumente vista em palestras universitárias: além das estudantes de Pedagogia, compareceram crianças convidadas pelas próprias alunas do curso a pedido da organização do evento, afirmando que a presença de crianças muda a logística do encontro, fazendo com que as alunas tenham uma prévia do que irão encontrar lá na frente, quando forem professoras regentes de aula.

Nesse clima mais receptivo, a Profa. Dra. Sueli explicou sobre o papel do Núcleo de Acessibilidade (NAce), setor que procura criar uma interlocução entre aluno e Universidade, além de mobilizar todos os setores da instituição em prol da permanência do aluno com necessidades especiais. Uma das premissas do setor é a de que a presença de alunos com deficiência no convívio em sala de aula é a melhor experiência para criar uma sociedade inclusiva. “Os alunos que não têm deficiência, quando convivem com alunos que possuem alguma necessidade especial, passam a entender melhor a realidade destes, quebrando mitos e tornando-se propensos a serem profissionais com um olhar inclusivo”, ressalta a professora.

Na sequência, foi a vez de Danilo da Silva Santos contar, através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), sua história. Desde o início de sua vida ele teve de enfrentar muitos desafios por conta da surdez, mas com muito bom humor palestrou no encontro com o auxílio da intérprete Paula Rosa, apresentando alguns detalhes sobre sua trajetória, curiosidades sobre a LIBRAS e a importância da inclusão de pessoas surdas na sociedade. Ele comentou que várias pessoas não tinham ideia do valor da inclusão e a partir do momento que elas conhecem essa temática, acabam se sensibilizando.

Paula Pereira Brasil de Moraes, carinhosamente chamada dePaulinhapelas alunas do curso, falou sobre sua experiência acadêmica na condição de uma aluna cega e relata que, apesar dos obstáculos, sempre conseguiu atingir seus objetivos, e se “virou” muito bem. Paula tornou-se admirável pela objetividade e senso prático com que lida com a vida, e isto ficou nítido para todos presentes quando uma criança da plateia perguntou como ela escolhia a roupa. Com muita propriedade em sua fala ela disse: “Eu me visto sozinha, às vezes preciso de ajuda só para saber se as roupas estão combinando”.

A professora Sandra também relatou sobre a experiência que teve lecionando para Danilo e Paulinha: “Reconheci que poderíamos viver um processo simbiótico, ou seja, um processo de vidas diferentes que se completam: por um lado minha responsabilidade de integrá-los no grupo de Pedagogia; por outro, eles ampliariam, com seus saberes, meus processos formativos”.

Não obstante a presença de Danilo e Paulinha, a participação de Paula Rosa e da Profa. Elaine Gomez Vilela, que são intérpretes de LIBRAS, proporcionou uma comunicação coesa e sensível, trazendo emoção e empatia ao diálogo. A Profa. Elaine também relatou sobre sua experiência como intérprete e finalizou a apresentação com uma frase célebre da escritora, ativista e primeira pessoa surdo-cega a conquistar um bacharelado, Helen Keller (1880-1968): “A experiência humana não seria tão rica e gratificante se não existissem obstáculos a superar. O cume ensolarado de uma montanha não seria tão maravilhoso se não existissem vales sombrios a atravessar”.

Nesse encontro, do qual Paula e Danilo foram protagonistas, os presentes puderam aprender um pouco da sabedoria de vida que só pessoas surdas e cegas podem ter, entendendo que um ambiente inclusivo é uma oportunidade de todos e todas desenvolverem sua sensibilidade, e que a empatia é um dos muitos passos para se ter uma educação com mais equidade e, consequentemente, uma sociedade mais humanizada.

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