Núcleo de Acessibilidade recebe presente de aluna do curso de Direito

Boneca Katarina passou a ser mascote do NAce

01/10/2021

Uma aluna do curso de Direito, uma boneca de pano e o Núcleo de Acessibilidade (NAce) da UNICID. O que podem ter em comum? A resposta é simples, mas inspiradora. Envolve gratidão, inclusão e responsabilidade social.

Para contar melhor a história, precisamos apresentar Katarina da Cruz Martins de Carvalho, aluna do 10º semestre do Direito.

Deficiente visual, Katarina conta que quando terminou o ensino médio procurou uma universidade que atendesse suas necessidades para estudar e encontrou na UNICID a estrutura de que precisava.

“Logo que fiz a matrícula me foram apresentadas a Solange e a professora Sueli, que me acompanham até hoje”, disse, explicando que desde o primeiro dia de aula, em 2017, recebe o apoio dos representantes do NAce e da coordenação do curso com acessibilidade no material de aulas, deixando-a em pé de igualdade com os demais alunos videntes (como são chamadas as pessoas que enxergam).


Produção da boneca

Em casa, isolada com a família durante a pandemia, Katarina conta que aprendeu com uma tia a confeccionar bonecas de pano, treinando o tato e conseguindo até fazer a pintura.

Esse lento processo de construção se tornou uma terapia para acalmar a ansiedade. Foi nesse momento que Katarina começou a pensar em sua primeira boneca como um presente. Mais ainda: que ela deveria ser uma cadeirante. “Pedi ao meu avô se era possível fazer uma cadeira de rodas de madeira e ele prontamente me ajudou. Aos poucos, ela foi surgindo e com um significado muito grande”, disse.

Da ideia do presente à conclusão de quem seria o presenteado foi um estalo: “De pronto pensei no NAce, que desde o começo da minha jornada de estudos sempre me mostrou que eu era capaz, porque não era só uma simples ajuda acessibilizando minha vida estudantil, mas sim um setor em que encontrei muito apoio de amigos”, agradece, lembrando do contato que mantém até hoje com os que já se formaram e da amizade que criou com os profissionais do Núcleo.

“É inevitável, com tanto tempo de convivência, não se criar uma amizade com todos sem exceção. Mesmo eu tendo a deficiência visual (cegueira legal), também tive a oportunidade de aprender a me comunicar em Libras com os outros alunos; o básico do básico, mas aprendi”, se diverte com as lembranças.


Trabalho do NAce

Esses laços se justificam, como bem pontua a Profa. Dra. Sueli Yngaunis, coordenadora do NAce e membro do Núcleo de Direitos Humanos e Inclusão (NDHI) da UNICID: “O NAce é um espaço ao qual os alunos com deficiência recorrem quando precisam solicitar algum recurso; somos a interface entre esses alunos e os diversos setores da universidade”, explica.

A professora afirma que o trabalho desenvolvido conta com a colaboração dos docentes e dos setores administrativos, que ajudam a traduzir as necessidades e providenciar recursos de acessibilidade, adaptações razoáveis e adequação do material didático à forma como o aluno pode acessar.

Os depoimentos de Katarina nessa publicação, por exemplo, foram feitos por meio de um software de conversão de fala em texto. “Muitas vezes, um bate-papo com o professor visando adaptar metodologia de aula já auxilia. Além disso, Katarina sempre nos ajudou indicando as necessidades de adaptações, aprendemos muito com ela”, disse a profa. Sueli.


Simbolismo do presente

Com a boneca recebida e festejada, a profa. Sueli diz ter ficado sensibilizada com o presente. “Representa o carinho da aluna com o trabalho que desenvolvemos, que tem como objetivo viabilizar a participação do aluno em todas as atividades acadêmicas”, resumiu.

“As aulas remotas trouxeram novos desafios, demandando maior atenção aos recursos de tecnologia assistiva. Professores, alunos, intérpretes de Libras, todos estamos aprendendo como utilizar o recurso das plataformas digitais para viabilizar as aulas aos alunos com deficiência sensorial, que são os alunos cegos e surdos. Ainda temos muitos desafios, mas caminhamos bastante até agora”, concluiu a profa.


Planos para o futuro

A caminho de participar da segunda fase da OAB, Katarina planeja iniciar na advocacia, cursar uma pós-graduação, especializar-se em Direito Penal, fazer um doutorado e exercer a magistratura.

Se com tudo isso alguém disser que Katarina é uma pessoa especial, ela tem algo a dizer: “A pessoa com deficiência não é especial, especial é só o pastel. Eu aprendi que somos capazes”, finalizou.

A boneca ganhou o nome de Katarina e passou a ser a mascote do NAce.

Galeria de fotos